quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Não é mais um conto de fadas

Ele era novo, um jovem. Nos seus olhos a possível percepção de que já havia vivido as coisas que a vida poderia proporcionar, mas o seu rosto não passava toda essa experiência, não contava a história dos fatos, dos casos, dos acontecimentos, era um rosto de traços simples e até delicados. Para um homem nem sempre essa característica se passa como qualidade, mas sim como um pequeno defeito. Mas no seu caso não era. Era através do seu rosto e do seu sorriso meio de canto que ele conseguia se sobressair dos outros. Sim, o seu corpo era também muito importante. Um jovem atraente. As moças nunca iriam negar isso.
Mas olhando despercebidamente não seria possível repara seu interior, o que estava dentro, o “recheio” que completava o doce. Era preciso ir mais fundo.
Na música ele encontrava a paz que não conseguia em outras coisas. Nas notas de seu violão sempre disponível pra cessar as dores e desilusões, ele ia se perdendo e se achando em sonhos que ele ia criando, e de tanto sonhar ele acreditava e ficando mais sossegado com o som que saia daquele instrumento, com chinelos nos pés, com o espírito rico de sentimentos ele ia acalmando a alma.
Vivendo ofegante todos os sentimentos que a vida lhe proporcionava, ele encontrou em outros olhos o que parecia ser o fim de uma caminhada e o começo de uma nova. Era brilhante e até ofuscava. Era seu sonho se realizando. Projetado em um corpo que lhe atraía e que lhe causava os arrepios que ele sempre gostava de sentir. Ele gostou tão facilmente que se perdeu em meio à realidade e a utopia de sonhos que as vezes imaginava não poderem ser realizados parecia mais fácil agora. Ela sentiu-se acomodada por braços e por palavras. E assim aconteceu.
Beijos dados, mãos unidas mostrando que a segurança e a cumplicidade eram ingredientes principais para tudo que começava a brotar, a saltar e assim os pés saíram do chão, saíram tão rápido que nem houve tempo de sentir medo, não houve tempo de sentir outra coisa senão a gana da paixão, do fogo, dos desejos intensos.
Era apaixonante viver tudo aquilo, e as cordas do violão agora tocavam notas, seguindo a melodia do coração, os planos na mente daquele jovem foram se fundindo com os planos da mente daquela menina, que não entendia muitas coisas que ele dizia, mas se apaixonava por ele cada vez mais. Mas a liberdade que sobrava em um, faltava no outro, e como fita feita em laço mal feito, ele se afrouxou, deixando escapar desejos que juntos eles não poderiam seguir.
O violão tocou então notas baixas, as fotos nas paredes pareciam sempre preto e branco, parecia o fim dos sonhos, e os pés, naqueles chinelos, voltaram ao chão, era tão frustrante mas ao mesmo tempo tão história, tão caso, tão acontecimento. Ficará guardado. Nada é perdido. Não houve mal, só ouve paixão, e os corações se esquentaram com isso. É assim. A afirmação de que essa é a vida, um passar de notas, melodias, quadros enquadrados, poses, sorrisos e lágrimas. Tudo sucessão. Apenas fatos.

Dedico. M.J!

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