segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Fecha a porta!

Eu posso lembrar aqui, agora, claramente dos momentos, de todos aqueles que já vivemos tão juntos. Nada cheio de manhas demais, já que isso não é muito a nossa cara, às vezes nós éramos tão selvagens e você me agarrava forte, ao ponto de doer, mas doía uma dor gostosa que já não queria que me largasse e eu soltava fraca uma risada engraçada. E de tantos desses momentos, desses nossos encontros de tarde, acabou que fui deixando cada vez mais um pouco de mim naquilo que era seu. No seu espaço eu fui me infiltrando, você deixando cada vez mais e eu me entremeando nos cantinhos de você. E sem perceber, os fios de cabelo que teimavam em se soltar, ficavam no lençol da sua cama, o cheiro do meu perfume que não desgrudava por nada do seu travesseiro e você me fazia lembrar que era tão bom, depois que ficava sozinho relembrando cada beijo e cada respiro nosso.
Foi tudo ficando, e ficando. Os dois gostaram tanto de ficar que não havia mais espaço pra dizer adeus. Mas do que eu poderia esperar eu já não conseguia mais me imaginar sem sentir todos aqueles desejos incontroláveis. Lembro-me de pensar em um momento de sanidade que a loucura havia se apossado de mim e eu estava totalmente perdida, mal sabia eu que estava realmente perdida na loucura mais normal de amar você.
Que delícia seu suspiro na minha nuca, e eu pensava que fim levaria tudo aquilo.
Hoje só relembrando, olhando nos seus olhos, deitada na sua cama, deixando ainda meus fios perdidos pelo lençol e meu perfume continuando a impregnar nosso ar, eu percebo que não quero ter a mínima noção de onde isso vai chegar. Não há espaços nesse nosso abraço pra essas perguntas, tudo que for certo demais a gente deixa passar.
Já que nos resta apenas a loucura mais insana de nos amarmos.
Olhando ainda nos seus olhos, eu sussurro: Fecha a porta amor, me beija e vamos esquecer por um tempo tudo que passa lá fora.