sábado, 23 de outubro de 2010

Vários corpos.
Joãos, Josés e Mários.
Todos eles passam. Passam por mim.
Passam sem ver e sem perceber.
Não acrescentam. Não me induzem. Nem me seduzem.
Eles só passam.
Todos os Joãos passam.
Todos os Josés também.
Eu não passei,
Eu fiquei.

Todos os corpos, eles se esfregam.
Eles se negam. Eles se entregam.
Eu não me entreguei,
Eu fiquei.

Todas as bocas ficam frenéticas.
Elas se beijam, elas se falam.
Eu não falei,
Eu fiquei.

Todas as mentes se pervertem.
Não diga que não!
Elas se perdem.
Eu não me perdi.
Eu fiquei.

Eu estou aqui, sem Joãos, sem Josés ou Mários,
Eu não me importo,
Eu fico. Aqui. Ali.
Eu ficarei.

Júlia Lins – 23/10/2010

Afaste-se

Não fique tão perto assim.
Você não me conhece a esse ponto.
Tire essa boca molhada e indecente daqui.
Você não me conhece.
Não envolva esses braços nesse meu corpo precisado!
Quem você pensa que é?
Saia e corra, corre pra longe. Não tente me seduzir,
Você não me conhece!
Não me conhece a esse ponto.


Júlia Lins – 23/10/2010

Me faz

Ah! Que bem me faz você aqui.
Cheirando do meu ar, bebendo da minha bebida.
Ah! Que bem me faz você maltratando meus sentidos.
Dizendo-me coisas no ouvido. Gastando sua saliva.
Ah, você me faz!


Júlia Lins – 23/10/2010