quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Uma vida que não é minha

Sentada no banco do carro eu vi preocupações passando e passando pela minha mente. Por dentro eu gritei, mas nem eu mesma ouvi. Gritando por dentro e calada por fora. Segurando o volante que não girou para lado algum, ele ficou parado, assim como meus olhos ficaram, olhando pra algum lugar que eles não focavam, só aquele pedaço em branco, nada mais. A batida no vidro me fez saltar assustada, e com os olhos arregalados eu me voltei para o volante e disse que não tinha nada. Crianças na rua. Pedindo por algo que eu não tenho. Eu precisava de um milagre naquele momento, era disso que eu precisava. E se eu pedisse? Alguém me daria? Mas eu não conseguia nem ao menos sair do lugar quanto mais sair por ai e pedir por isso. Tão utópico.
Os caminhos já predeterminados desde a hora que acordei fizeram meu pé pressionar o acelerador e sair vagarosamente dali e fui em direção os meus únicos motivos de existir, minhas filhas. Depois de buscá-las, já em casa e com as obrigações cumpridas, com filhos devidamente alimentados, limpos e dormindo eu pude também me deitar, pensar. Ah, Pensar! Não era uma boa hora pra isso. Pensar trás momentos, trás lembranças e trás a realidade. Eu quis fechar os olhos e trazer o sono. Sim, eu queria apenas dormir. Eu obrigava meus olhos a se fecharem, eles me obedeciam, mas o sonho, a saída da realidade não vinha. Perdendo então a batalha com a tal da realidade eu resolvi pensar então, nos acontecimentos e encará-los como se eu fosse mais forte, mas não como se fosse, mas sendo, sim, bem mais forte que eles. Meu corpo e meu rosto não demonstravam as oscilações de sentimentos em que meu coração se encontrava. Eu tinha amor, e isso me melava, até adoçar demais era ruim naquele instante. ocorpo jogado no colchão já usado várias vezes para me trazer prazer hoje nele eu só pensava. Eu não tinha ninguém, mas eu sabia que tinha. Era só meu momento solitário, era meu momento de pensamentos. Os problemas não sumiram, e eu queria que ele fossem como fumaça, queria soprá-los e deixá-los ir, se dissolvendo todos no ar, e eu, sem respirá-los só os deixaria ir, e ficaria tão feliz que a festa seria por minha conta.
Eu tenho sorrisos, não posso dizer que sou fria, não em todos os momentos, claro! Mas eu tenho sorrisos, tenho amor, tenho vida, tenho ar, e fumaça. Elas ainda não se dissiparam, e a rotina continua “reclamativa” e compulsiva eu vou buscando uma forma de minimizar alguns dos meus pequenos, enjoados e perturbadores problemas.
Eu vou deixando a vida me levar, como diz aquela música, que já tenho vontade de dançar. Na minha cama que trás prazeres momentâneos eu adormeço. Os problemas não se vão, os sonhos calmmente vão tomando a minha mente e meus pensamentos se tornam lizes, festa, apenas sonho.
Eu acordo e a realidade reaparece. O espelho a minha frente me chama, me olho, e sabe, eu não mudei, sou a mesma. Os mesmos filhos, os mesmos amores e... A rotina continua reclamativa e compulsiva! Eu sou a mesma, mas eu sinto que posso mudar, e resolvo! Mudarei o cabelo. É um bom começo afinal!

Dedicado a uma amiga!

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